21 de janeiro de 2015

A chegada do Concorde no Brasil

Às 12h30 do dia 21 de Janeiro de 1976, exatos 39 anos atrás, um Concorde da Air France decolava  do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, impulsionado por 4 turbinas Olympus 593, gerando um empuxo equivalente a força de  5.500 VW Fusca. Este pássaro com 181 toneladas, de bico móvel e asas afiladas tinha como destino final o Rio de Janeiro, após uma escala técnica em Dacar, na África.

Minutos após a decolagem, o Concorde atingiu impressionantes 18 mil metros de altura e pelo alto falante de bordo o comandante Pierre Chanoine anunciou aos 100 passageiros, que pagaram 23.792,50 Cruzeiros (cerca de R$ 37.039,25 em valores atualizados) pela passagem ida e volta, que o avião havia atingido a “velocidade bisônica”, ou seja, 2.300 Km/h ou “Mach 2”. O mais rápido jato convencional em atividade na época – o Boeing 747 “Jumbo” atingia míseros 970 Km/h.

Sete horas depois, o comandante Pierre Chanoine anunciava a chegada do mesmo avião no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, onde pela hora local, era apenas 15h30. Aquele mesmo Boeing 747 “Jumbo” fazia o mesmo trajeto em intermináveis 12 h. Às 20h00 do mesmo dia, o Concorde decolou novamente fazendo o caminho inverso, Rio – Paris, chegando no Aeroporto Charles de Gaulle às 7h00. Com a viagem completa finalizada, o supersônico cruzou o Atlântico Sul por 2 vezes em apenas 18h.

Assim foi a viagem inaugural do Concorde na rota Paris – Rio de Janeiro – Paris. Entre os passageiros, vários nomes do jet set internacional e empresários conhecidos. O diretor da Lotus, Colin Chapman, veio participar do Grande Prêmio Brasil de Automobilismo, a ser realizado em 25 de Janeiro de 1976. O cirurgião plástico Ivo Pitangy considerava-se um viajante usual do Concorde mesmo sem passagem reservada para os primeiros voos, apesar de já ter voado no supersônico como passageiro em uma das viagens experimentais. Alegando precisar ir e voltar da Europa em poucas horas para atender a casos de urgência, Pitangy dizia que um avião tão rápido era essencial nestes casos.

Muito se questionou sobre o comportamento do Concorde após passar a velocidade do som. Não seria audível, dentro do avião, o estrondo produzido ao chegar ao “Mach 2”? Não: o ruído no interior é o mesmo de qualquer jato. E a aceleração e o ângulo de subida? São muito mais impressionantes vistos de fora. Atingida a altitude de cruzeiro, o dobro dos aviões comuns, a turbulência desaparece completamente. Sem nenhuma trepidação, uma azeitona podia permanecer absolutamente imóvel dentro de um copo de Martini, enquanto seus passageiros observavam a acentuada curvatura da Terra através das pequenas janelas, menores que as dos jatos comuns. O espaço interno do Concorde era pequeno: as poltronas tinham espaço de 1,20 metros para cada 2 passageiros, não havia cinema à bordo e nem bares, comuns na primeira classe dos aviões convencionais. A velocidade supersônica passa a ser apenas um detalhe dentro do Concorde registrado pelo “machímetro” à vista dos passageiros, uma espécie de relógio digital que mede a impressionante velocidade do avião. Doze cardápios se alternavam a cada viagem entre café da manhã, almoço ou jantar.

O Concorde foi um avião especial. Ele marcou uma era na aviação mundial e tem um valor histórico enorme, sendo até hoje a primeira e única aeronave supersônica destinada a transporte de passageiros. Em sua época áurea, viajar no Concorde era uma experiência única, um símbolo de cruzar os ares com sofisticação, estilo e velocidade. Este avião passou cerca de 24 anos dos seus serviços sem acidentes e é considerado um símbolo da aviação comercial, um mito que perdurou por mais de 30 anos.  Porém em 25 de Julho de 2000, uma das unidades da Air France teve um acidente fatal, causado por uma peça de um DC-10 da Continental Airlines, que se soltou na pista minutos antes a atingiu o Concorde durante sua decolagem. As operações foram definitivamente encerradas em 2003. Foram fabricados 20 Concordes ao longo de 13 anos, sendo que apenas a Air France e a British Airways operaram a aeronave comercialmente e 17 deles estão em exposição ao redor do mundo.

Reprodução de capa da Revista Veja, de 21 de Janeiro de 1976
Reprodução de matéria do Jornal do Brasil, de 22 de Janeiro de 1976
Campanha publicitária da Air France de Dezembro de 1975 anunciando a inauguração da rota Paris-Rio-Paris pelo Concorde
Concorde no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, nos anos 70
Selo comemorativo dos Correios pela ocasião da rota Paris-Rio-Paris operada pelo Concorde

19 de janeiro de 2015

Aeroporto Internacional de Cumbica completa 30 anos!

Em 20 de Janeiro de 1985, sob um dia chuvoso, um Jumbo da Varig procedente de Nova York inaugura a pista  do Aeroporto de Cumbica. O voo RG 861 estava repleto de autoridades apreciando à bordo champagne Dom Pérignon, safra 1985, enquanto cerca de 20 mil pessoas no interior do aeroporto se espremiam para conseguir a melhor vista da pista.

Trinta anos se passaram e o número de passageiros cresceu 16 vezes desde aquela época. Atualmente, cerca de 108 mil passageiros por dia circulam pelo mais movimentado aeroporto do Hemisfério Sul. Até Agosto de 1985, Cumbica só operava voos internacionais. A partir daí, passou a receber voos domésticos também. Muita coisa mudou desde sua inauguração: o painel manual onde os voos eram mostrados deu lugar a equipamentos informatizados que podem ser vistos pelas 250 mil pessoas que passam por ali diariamente.


Modelo similar ao Jumbo da Varig que inaugurou a pista do Aeroporto de Cumbica, procedente de Nova York

Visão geral do Aeroporto de Cumbica